10 de novembro de 2024

   Será lançado nesta quarta-feira (15), às 19h, no Top Market, o livro “Floripa Inteligente”, que nasceu de uma inquietação sobre o futuro das cidades diante de desafios gigantescos para garantir desenvolvimento sustentável e qualidade de vida aos seus moradores. A obra, que é resultado da dissertação de mestrado defendida por Rafael de Lima na Unisul em 2021, faz um resgate sobre o surgimento do conceito de smart cities, apresenta os conceitos de quem vem estudando sobre o tema, compara modelos adotados em outros países e, por fim, cria uma proposta para tornar Florianópolis mais “inteligente”. É um modelo com sete categorias, 20 indicadores e 74 subindicadores.

   Com base na análise das teorias acadêmicas e de 11 experiências internacionais, entre elas de Barcelona, na Espanha, o livro trata sobre os principais desafios que envolvem o processo de transformação das cidades. “As pessoas estão no centro das cidades inteligentes”, afirma Rafael, que destaca a importância de uma radiografia sobre as demandas de cada ecossistema, o uso da tecnologia e a união de governos, sociedade organizada e população nessa jornada.

  De acordo com o coordenador do Programa de Pós-Graduação da Unisul, professor Baltazar Andrade Guerra, “o trabalho oferece insights valiosos para a estruturação de indicadores no desenvolvimento de um plano para cidades inteligentes, contribuindo significativamente para o diálogo global sobre urbanização sustentável e inovaç ão tecnológica”. Na mesma linha, o professor Leonardo Secchi, que participou da banca do mestrado, considera que o livro “traz uma contribuição muito importante na consolidação de um planejamento integrado para que Florianópolis se transforme numa cidade inteligente”.
“Posso dizer com tranquilidade que Florianópolis está no caminho certo: percebeu logo que precisava de soluções inovadoras, buscou dados confiáveis para a construção de políticas públicas, priorizou a desburocratização para estimular empreendimentos privados e mudou a legislação que normatiza o planejamento urbano, entre outras iniciativas”, aponta Rafael. Nesta entrevista, ele fala sobre as principais características de uma cidade inteligente e os maiores desafios nesse processo de transformação dos centros urbanos.

ENTREVISTA/RAFAEL DE LIMA, autor do livro “Floripa Inteligente”

O que é necessário para que uma cidade seja considerada inteligente?

   Uma cidade digital é a que tem os serviços disponíveis na web. Uma cidade sustentável tem um equilíbrio nos eixos econômico, social e ambiental.

  A cidade inteligente traz as tecnologias da quarta revolução industrial – como robótica, automação industrial com IA, big data – para o dia a dia. Significa implantar as tecnologias no transporte público, na saúde, na educação, na segurança e no planejamento urbano etc. Quanto mais a cidade usa essas tecnologias, principalmente com o objetivo de melhorar a vida das pessoas, mais ela é inteligente. Além disso, é importante dizer que uma cidade é inteligente não só quando os serviços públicos se utilizam da tecnologia, mas os privados também. Exemplos disso, aliás, são o Uber e o iFood.

   Quais os principais desafios para que as cidades avancem e sejam cada vez mais inteligentes?
Um deles é fazer uma regulamentação que consiga criar um ambiente livre e fértil para que as tecnologias se desenvolvam. As cidades competem entre si e aquelas que conseguem isso saem na frente. As outras vão a reboque. Além disso, há a infraestrutura. E, por último, mas não menos importante, o capital humano. As pessoas estão no centro das cidades inteligentes. A capacidade de atrair e reter capital humano criativo, inteligente, que possa retroalimentar essa revolução, é uma das questões mais importantes. Cidades perdendo e ganhando população, que a gente viu no último censo, fazem parte desse processo.

Como Florianópolis está nesse processo?

   A nível nacional, a capital catarinense tem se posicionado muito bem. A gente consegue reter capital humano e a qualidade de vida da cidade é fundamental. Tem segurança, educação, boa saúde, qualidade de vida e também é destaque em ambiente de negócios e competitividade. Nosso maior desafio talvez seja a infraestrutura para manter a qualidade de vida.

De que forma essa discussão sobre cidades inteligentes tem relação com o Plano Diretor, que acabou de ser revisado em Florianópolis?

   O Plano Diretor, que ordena a ocupação do solo, é a principal lei dos municípios. Tínhamos uma lei, de 2014, que tinha boas intenções mas era burocrática e engessada. O efeito colateral foi o seguinte: os imóveis formais ficaram muito mais caros e quem não tinha condições financeiras foi para a informalidade. E isso não é inteligente. O objetivo de alterar o Plano foi desburocratizar e motivar o parcelamento regular do solo, o aquecimento da indústria da construção civil, criar instrumentos para facilitar e baratear a oferta à população de baixa renda – para que consiga permanecer em Florianópolis. Mas, principalmente, para que a cidade seja regular daqui para a frente. E diminua esse movimento pendular, que não é inteligente. Com a informalidade, muitos tiveram que ir para as periferias, e se deslocar todos os dias para trabalhar na área central. Esse movimento pendular é ineficiente do ponto de vista econômico, de tempo e de infraestrutura que precisa ser implantada.

E qual o papel da governança pública na transformação das cidades?

  Os governos municipais precisam dotar os serviços públicos das tecnologias da quarta revolução industrial com o objetivo de melhorar a vida das pessoas. Porque, às vezes, os moradores já têm acesso a serviços de primeiro mundo oferecidos pela iniciativa privada, mas isso também tem que valer para os serviços públicos. O poder público tem um poder significativo nessa transformação da inteligência das cidades, tanto sob o ponto de vista do marco regulatório – não atrapalhar e fomentar que essa transformação aconteça na iniciativa privada – mas também que os seus serviços possam ser oferecidos ao cidadão de maneira inteligente.

SERVIÇO
Lançamento do livro “Floripa Inteligente”
QUANDO: 15/5, quarta-feira, às 19h, no Top Market (altos da Felipe Schmidt, centro de Florianópolis)

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